O Conselheiro Administrativo e a Mitigação de Riscos

O Conselheiro Administrativo e a Mitigação de Riscos

Toda corporação está sujeita a uma série de riscos e identificá-los é o primeiro passo para mitigá-los. Conselhos precisam se envolver diretamente nessa área

 Por Juarez Araújo*
*Texto escrito com apoio de duas Inteligências Artificiais

Em um mundo empresarial cada vez mais dinâmico e incerto, o papel dos conselhos administrativos tornou-se vital para a sustentabilidade e o crescimento das organizações. Os conselhos são responsáveis por supervisionar as estratégias das empresas e tomar decisões cruciais em questões financeiras.

Em meio a tarefa de ser o elo entre os interesses dos acionistas e as atribuições da alta gestão executiva, gerando transparência e credibilidade dentro das empresas, fiscalizando a ação dos gestores e maximizando o retorno sobre o investimento, conselheiros administrativos perpassam por vários riscos.

Para começar, há os riscos que envolvem a própria atividade do conselho, que estão relacionados a fatores humanos. Nesse sentido, podemos citar três fatores: pressão de curso prazo, vieses comportamentais e governança e compliance, como melhor descrito abaixo:

  1. Pressão de Curto Prazo: frequentemente, conselhos administrativos são pressionados por acionistas e investidores para entregar resultados financeiros no curto prazo. Essa pressão pode levar a decisões apressadas que não consideram os riscos a longo prazo. Por exemplo, cortar custos indiscriminadamente pode aumentar os lucros no curto prazo, mas prejudicar a qualidade e a inovação no longo prazo. 
  1. Vieses Comportamentais: os membros de um conselho administrativo são seres humanos e estão suscetíveis a vieses e erros de julgamento. O viés de confirmação, por exemplo, pode levar os conselheiros a procurar informações que confirmem suas crenças preexistentes e ignorar dados que contradigam suas opiniões. Isso pode resultar em decisões financeiras não tão boas e que não refletem a realidade do mercado.
  1. Governança e Compliance: as decisões financeiras de um conselho devem estar em conformidade com as regulamentações legais e os padrões de governança corporativa. A falta de atenção a esses detalhes expõe a empresa a riscos legais e danos à reputação.

Além dos três riscos citados acima, relacionados à própria atividade humana de conselheiro administrativo, há os riscos relacionados ao negócio.. Nessa categoria podemos citar risco de mercado, de crédito, operacional, legal, financeiro e reputacional, melhor descritos abaixo.

  • Risco de mercado: é o risco de perda decorrente de variações nos preços de ativos financeiros, como ações, títulos, moedas e commodities. Esse risco pode afetar o valor de mercado da empresa, sua rentabilidade e sua capacidade de honrar compromissos financeiros. Para reduzir esse risco, o conselho administrativo deve acompanhar as tendências e cenários econômicos, diversificar os investimentos e adotar estratégias de hedge (proteção) quando necessário.
  • Risco de crédito: é o risco de não receber o pagamento de um empréstimo ou de uma venda a prazo. Esse risco pode afetar o fluxo de caixa da empresa, sua liquidez e sua solvência. Para reduzir esse risco, o conselho administrativo deve avaliar a capacidade de pagamento dos clientes e fornecedores, definir políticas de crédito e cobrança adequadas e provisionar recursos para eventuais inadimplências.
  • Risco operacional: é o risco de perda decorrente de falhas nos processos internos, sistemas, pessoas ou eventos externos. Esse risco pode afetar a qualidade dos produtos ou serviços da empresa, sua reputação e sua conformidade legal. Para reduzir esse risco, o conselho administrativo deve implementar controles internos eficazes, monitorar os indicadores de desempenho e qualidade, capacitar os colaboradores e gerenciar as crises.
  • Risco legal: é o risco de perda decorrente de ações judiciais, multas, sanções ou descumprimento de normas e regulamentos. Pode afetar a imagem da empresa, seu relacionamento com os stakeholders (partes interessadas) e seu patrimônio. Para reduzir esse risco, o conselho administrativo deve conhecer e cumprir as leis e normas aplicáveis ao seu negócio, contar com uma assessoria jurídica competente e prevenir conflitos.
  • Risco financeiro: a diversificação de investimentos é uma das ferramentas mais eficazes para gerenciar riscos financeiros. No entanto, conselhos administrativos podem tomar decisões que colocam muitos recursos em um investimento ou setor específico. Isso expõe a empresa a riscos desnecessários caso esse investimento ou setor enfrente dificuldades. 
  • Risco reputacional: é o risco de perda decorrente de danos à imagem ou à confiança da empresa perante seus clientes, fornecedores, acionistas, reguladores ou sociedade em geral. Pode afetar a fidelização dos clientes, a captação de recursos e a sustentabilidade do negócio. Para mitigar o risco, o conselho administrativo deve zelar pela ética e transparência nas suas decisões financeiras, comunicar-se adequadamente com os stakeholders e gerir sua responsabilidade social e ambiental.

A tarefa de mitigar riscos é complexa e desafiadora, requer conhecimento técnico, visão estratégica e senso crítico. Por isso, é importante que os conselheiros se capacitem constantemente para exercerem seu papel com eficiência e responsabilidade. Alguns cuidados ajudam a gerenciar os riscos. São eles:

  • Foco em sustentabilidade de longo prazo: os conselhos devem equilibrar as expectativas de curto prazo com os objetivos de longo prazo da empresa. Isso envolve a criação de estratégias financeiras que sejam sustentáveis e que fortaleçam a posição da empresa ao longo do tempo. 
  • Diversidade no conselho: a diversidade de experiências e perspectivas dentro de um conselho pode ajudar a mitigar vieses e promover uma tomada de decisão mais equilibrada. Isso inclui diversidade de gênero, etnia, formação educacional e experiência profissional.
  • Monitoramento contínuo e avaliação de riscos: o conselho deve estabelecer processos rigorosos de monitoramento e avaliação de riscos. Isso deve incluir a identificação de riscos emergentes e o desenvolvimento de planos de contingência.
  • Educação e treinamento: os membros do conselho devem receber educação contínua e treinamento em governança corporativa, gerenciamento de riscos e conformidade regulatória.

Quando o colegiado adota práticas de governança robustas, são maiores as chances de assegurar o sucesso sustentável das organizações.

Juarez Pereira de Araújo é Conselheiro TrendsInnovation, Conselheiro Consultivo, Administrativo e de Inovação. Também é Cofundador e Diretor Comercial na DBACorp.

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