A Persona Conselheiro

A Persona Conselheiro

Um atleta de alta performance que encara seu desenvolvimento como uma jornada de transformação em vez de uma foto instantânea

 Por Renata Vilenky

 A função de Conselheiro tem ocupado um mercado relevante em Edtechs que entram no mundo executivo para falar sobre empregabilidade, sobre mudanças nos modelos de negócio, e, em entidades que enxergam um espaço importante a ser ocupado entre propriedade e gestão dentro das empresas, no sentido de assegurar a longevidade do negócio, através de práticas empresariais de comunicação transparente, atitudes éticas, visão de futuro e responsabilidade com o ecossistema em que a empresa atua.

Porém esta que parece ser uma oportunidade muito promissora como continuação de carreira executiva tem alguns desafios importantes para se materializar, porque o colegiado de CPFs que forma as empresas está adoecendo cada vez mais, por ansiedade, pressão excessiva por resultados de curto prazo, relações tóxicas de gestão, acumulo de trabalhos repetitivos, excesso de reuniões improdutivas, excesso de informações distorcidas oriundas diversos, e um momento incrivelmente polarizado onde as pessoas brigam para provar a sua verdade, ao invés de discutirem civilizadamente desafios e propostas de solução para os problemas do cotidiano.

Além disto, diariamente pessoas, mídias, familiares e instituições afirmam que o ser humano está em vias de acabar, que o trabalho ficará escasso, que a raça humana será dominada pela tecnologia, tornando-se miserável e submissa. É claro que esta fala exagerada que coloco aqui serve para que o leitor puxe seu freio de mão neste momento, e fale em voz alta: “Não faço parte deste barco que vai naufragar, sou protagonista da minha vida, aprendiz contínuo em meus ciclos, e este parágrafo não me representa”.

Espero que esta provocação tenha várias destas reações. De qualquer forma, neste cenário complexo, de muita confusão de narrativas, de muitas expectativas e certezas enviesadas, o Conselheiro precisa aportar seu conhecimento e experiência para ajudar o comandante do navio colocar o barco novamente no prumo. Então se pensarmos neste conselheiro como uma persona, como ele poderia ser para atravessar este momento de tempestade?

Pensei este conselheiro como um atleta de alta performance, em função de algumas características que acredito serem comuns ao mundo do esporte, e que podem ser aplicadas a vários cenários para facilitar a travessia de tempestades, saborear as conquistas na medida certa, e se

conscientizar de que outros desafios virão e fazem parte do ciclo de mudanças da humanidade. Portanto elenquei os 10 atributos deste atleta:

Espero que esta provocação tenha várias destas reações. De qualquer forma, neste cenário complexo, de muita confusão de narrativas, de muitas expectativas e certezas enviesadas, o Conselheiro precisa aportar seu conhecimento e experiência para ajudar o comandante do navio colocar o barco novamente no prumo. Então se pensarmos neste conselheiro como uma persona, como ele poderia ser para atravessar este momento de tempestade?

Pensei este conselheiro como um atleta de alta performance, em função de algumas características que acredito serem comuns ao mundo do esporte, e que podem ser aplicadas a vários cenários para facilitar a travessia de tempestades, saborear as conquistas na medida certa, e se conscientizar de que outros desafios virão e fazem parte do ciclo de mudanças da humanidade. Portanto elenquei os 10 atributos deste atleta:

  1. Ter autoconhecimento: Isto ajuda a conhecer os seus gatilhos mentais e necessidades de autocontrole. Ajuda a descobrir suas ferramentas pessoais para conviver e transpassar barreiras. Permite a decisão assertiva em mecanismos de aprendizado para cobertura de gaps profissionais ou pessoais e, por fim, contribui fortemente para saber quais tradeoffs são aceitos nas construções e manutenções de relacionamentos, sejam eles empresariais, familiares ou de qualquer natureza que exija algum tipo de convivência recorrente.
  2. Ser conciliador: Entender as falhas, aprender sempre, buscar o melhor de cada um para ajustar rotas e manter a coesão de forma organizada, respeitosa e disciplinada, transforma os ambientes positivamente, e permite que um bando de CPFs se torne um time com objetivos e propósito comum, assegurando maior chance de vitórias do time respeitando a individualidade de cada um.
  3. Ter uma visão de longo prazo: Saber que a conquista do topo é uma jornada e não uma fotografia, e que para isto será necessário persistência, foco, determinação, disciplina, responsabilidade e muita prática. Isto ajudará a corrigir erros grandes e pequenos, ajudará a trazer mais segurança e confiabilidade no que está fazendo e permitirá esticar os limites de sua performance à medida que seu corpo físico, mental e espiritual lhe derem sinais de que está pronto para assumir um novo desafio.
  4. Ser ambidestro: Isto lhe permitirá trabalhar com as melhores ferramentas ao seu alcance no presente, em função de contexto, capacidade de investimento e time de suporte, mas possibilitará que este atleta olhe o que está acontecendo em outros esportes, outros países e outros times que permitem melhoria de performance, melhoria de saúde, melhoria de nutrição e possa planejar seu futuro com tendências e oportunidades que ele estuda a partir de outras comunidades de esporte, outras fontes de informação integras e outras práticas de quem já está em um contexto diferente do seu e possui mais acesso a capital, ferramentas ou equipe técnica mais qualificada.
  5. Ser flexível: A cada dia a mudança se torna uma das maiores regras do mundo, portanto adaptar-se as novas formas de treinar sozinho ou em grupo, se adaptar as novas ferramentas de treino, se adaptar a diversidade de competidores e modelos de competição que um mesmo atleta de alta performance pode competir, se adaptar as diferentes linguagens técnicas que passam a fazer parte do seu cotidiano, haja vista existirem cada vez mais possibilidades técnicas de atingir a alta performance, se adaptar a competidores com performances diferentes porque fizeram escolhas diferentes, que vão da inserção de órteses e próteses para competir, até profissionais que inseriram chips em seus corpos para melhorarem a performance e participar de esportes que nunca haviam praticado, enfim, se adaptar a série de possibilidades deste novo mundo, navegando nas incertezas e ganhando musculatura para melhorar sua performance e alcançar o objetivo final.
  6. Ser um aprendiz colaborativo: Novos competidores aparecerão, novas modalidades de esporte aparecerão, novos suplementos de fortalecimento aparecerão, novos fracassos virão, novas frustrações aparecerão, novas demandas das entidades reguladoras dos esportes virão, e neste turbilhão de novidades, será muito importante sempre extrair bons aprendizados e se possível, usá-los para não repetir os mesmos erros, educar novos entrantes e novos concorrentes, contribuindo para que o mercado do esporte tenha mais segurança entre os competidores, mais respeito pelas vidas que dependem direta ou indiretamente do segmento e principalmente cresça respeitando o impacto da transformação social e ambiental que pode causar onde se desenvolve.
  7. Ser ético e resiliente: Entender que toda a mudança lhe trará diferentes tipos de pressão e momentos de stress, mas que será muito importante usar suas ferramentas de autoconhecimento para vivenciar estas fases e enxergar alternativas de saída para aplicá-las de forma justa, transparente e respeitosa, mantendo seu nome integro e assegurando que seu objetivo de longo prazo continua em curso e o atraso não lhe desviou da rota.
  8. Ter uma visão de futuro e impacto: Todo atleta na jornada de alta performance pode se machucar de diferentes formas, por isto saber se recuperar é fundamental para seguir em frente, assim sendo, acompanhar estudos sobre novos tratamentos, novos medicamentos, novos modelos nutricionais, novos testes genéticos, novos modelos de treino, novas ressignificações da alta performance assegurando impacto positivo para o atleta, para família, corpo técnico, espaços de treino e cadeia correlacionada é fundamental, não só pelo fator atualização de futuros, mas pela possibilidade de antecipação na aplicação de soluções para mitigar ou evitar machucados e/ou impactos negativos na cadeia do esporte, bem como identificar novas modalidades onde possa competir e novas formas de competir, afinal esportes já deixaram de ser exercidos apenas no mundo físico há alguns anos.
  9. Ter facilidade de realizar conexões: Com a quantidade de mudanças, conectar pessoas talentosas para formar um grupo multidisciplinar de experiências que o suporte na jornada de alta performance, conectar situações para prevenir causa e efeito de situações inusitadas, conectar comunidades que podem servir de rede de apoio ou como fonte de informação para assumir novos riscos, será fundamental porque sozinho ele pode ir mais rápido, porém em conjunto irá mais longe.

  10. Ter uma visão holística de riscos: O Atleta precisa entender a que riscos operacionais, reputacionais, financeiros, climáticos, tecnológicos, geopolíticos e de saúde está exposto para que tenha planos de mitigar, evitar ou dividir os riscos com terceiros, a fim de que sua jornada de busca pela alta performance não seja interrompida pela falta de planejamento ou encerrada pela ocorrência de um risco grave que poderia ter sido evitado.

Claro que as características acima podem ser aplicadas em qualquer cenário, adaptando o contexto, porém o importante é perceber que o papel do conselheiro atualmente mudou e não é mais suficiente entender apenas questões fiscais e financeiras, e muito menos ser somente um abridor de portas para gerar “leads quentes” para o negócio. Como diria Einstein: “Insanidade é: fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes”. As corridas com obstáculos estão crescendo, se diversificando e entender apenas de 100, 400 ou 3000 metros para homens ou mulheres tornou-se commodities.

Renata Vilenky é formada em Tecnologia e Economia com especialização em IA e Robótica. Conselheira em Estratégia e Inovação, Coordenadora de Lifelong Learning da Associação de Conselheiros de TrendsInnovation do Brasil, Membro da Academia Europeia da Alta Gestão com livros publicados nos temas de Inovação, Estratégia e Liderança; Consultora em Projetos de M&A, Reestrutução Cultural, Estratégia, Inovação e Transformação Digital, dentro e fora do Brasil, Coordenadora do Comitê de Tecnologia do Insper e Professora de Estratégia e Inovação da FGV.

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