Por César Andrade e Ana Letícia Cardoso
O que eu vou te apresentar agora pode literalmente te salvar de cometer o que eu considero ser o maior erro de um sucessor de uma empresa familiar.
Antes de falar qual o maior erro, vamos falar dos dois caminhos que você pode seguir:
O primeiro caminho é o que a maioria tem seguido. São pessoas que tentam assumir a sucessão da empresa de sua família contando apenas com sua própria experiência. Isso é o que acontece com 70% das empresas familiares que não conseguem realizar a primeira sucessão.
O segundo caminho é aquele seguido por apenas 3 em cada 10 empresas familiares, é o caminho das pessoas que buscaram a orientação de alguém com anos de experiência, que conhece os erros e os acertos mais comuns. Que lhe dará os melhores conselhos e será um acelerador para o seu processo de sucessão.
A diferença entre esses dois grupos é simples. Aqueles que estão enfrentando dificuldade estão cometendo esse grande erro. Já os que têm resultados positivos, não cometem esse erro.
Acreditar que o sucessor tem que ter as mesmas competências que o fundador para gerir o negócio da família é o maior erro e precisa ser evitado por quem quer passar pelo processo de sucessão mantendo a empresa lucrativa e sem conflitos familiares.
E por que este é um grande erro que causa tanto mal ao processo sucessório das empresas familiares? A resposta é simples: Novos tempos pedem novas habilidades.
O fundador tomou atitudes fundamentais para que a empresa crescesse e se tornasse lucrativa. Ele fez o que era certo no tempo certo. Mas, como disse Walter Longo em uma de suas palestras: “As empresas não quebram porque fazem coisas erradas, elas quebram porque fazem a coisa certa por tempo demais.”
Para ser o sucessor de uma empresa é preciso alinhar o seu propósito com o da família e o da empresa. O segredo desta etapa é entender a situação atual do sucessor, como a empresa chegou até aqui, qual o potencial para o futuro, e, principalmente, qual o papel do sucessor neste contexto.
Existem 3 perguntas que precisam ser respondidas com muita sinceridade antes de iniciar o processo de sucessão:
- É o que você quer?
- Você tem paixão pelo negócio?
- Você está pensando no sucesso da família e da empresa, tanto quanto no seu próprio sucesso?
Em uma empresa familiar, o líder é aquele que inspira a todos, que faz com que a família sonhe com um futuro melhor, que faz com que os colaboradores invistam tempo e esforço para aprender mais, que faz com que as outras gerações queiram se tornar líderes também.
Os líderes não implementam um plano, eles o realizam. Eles não oferecem uma remuneração para executarem o plano, eles recompensam pessoas por darem o melhor de si e obterem bons resultados com isso. O sucessor sofre todo o tempo a pressão para entregar resultados. Existe uma cobrança tanto interna quanto externa para que a empresa cresça e dê lucros.
Quando o tema é entrega de performance eu lembro desta afirmação de Steve Jobs: “Você não consegue ligar os pontos olhando para frente. Só consegue isso olhando para trás.” A saída não é viver do passado, mas buscar nas conquistas anteriores e na história da família as bases para revelar no sucessor dons, habilidades e talentos para conseguir novas vitórias. É preciso usar a cultura da família para transformar a tensão em triunfo.
Gerar riqueza passa por tomar as melhores decisões entendendo de onde vem o sucessor e onde deseja chegar. A longevidade da empresa está em quatro atributos: transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa. Ou seja, os princípios da governança.
Conhecer, implantar e praticar a governança corporativa é a única saída para levar a empresa familiar a se manter competitiva no mercado atual.
Se quando a empresa foi fundada não existia necessidade de adequação às boas práticas recomendadas internacionalmente, se não havia necessidade de avaliações sistematizadas, se não havia clareza nos papéis e na comunicação da empresa, hoje tudo isso é fundamental. Se como sucessor você busca a perpetuidade do negócio, criação de valor e gestão por resultados, sua única saída é a Governança Corporativa.
A cada nova geração, riqueza, conforto e status social tomam uma quantidade crescente de dinheiro na manutenção do estilo de vida da família. Esta fórmula dá certo até o dinheiro acabar. É importante lembrar: as famílias crescem mais rápido que os negócios. Para ter uma empresa familiar bem-sucedida é preciso se concentrar em criar valor duradouro e estar sempre conectado com as tendências e novos vetores de crescimento do negócio.
O que define a competência da empresa hoje, não será o mesmo que definirá em 5 anos.
Para buscar longevidade é preciso ultrapassar a barreira do sucesso atual e entender que a necessidade de adaptação aos novos tempos vai determinar quem estará competitivo no futuro.