A visão de futuro e tendências contribui para a atuação do conselheiro consultivo
Por Gillian Borges
Temos tendência de relacionar inovação com tecnologia. Mas para inovar você não precisa comprar um software ou passar a fazer uso de blockchain. A inovação pode acontecer somente com pessoas. Criar um conselho consultivo, por exemplo, é uma maneira de inovar na gestão. Companhias de capital aberto têm obrigação legal de constituírem um conselho administrativo. Mas um conselho faz sentido também em empresas de capital fechado, familiares, de pequeno ou médio porte e até em startups e scaleups.
Antes de mais nada é importante conceituar o que é conselho. De forma bem simplificada, digamos que o conselho é um colegiado com o objetivo de fazer as melhores escolhas para o negócio. Preferencialmente as deliberações devem ser consensuais. E para chegar a um consenso, em que a maioria dos conselheiros (ou quase todos) concordam, muitas discussões acontecem. As decisões só são tomadas após análises de resultados potenciais, refinamento de concepções e o encontro da abordagem mais acertada para determinada questão. No conselho, as experiências de cada conselheiro se somam e isso aumenta oportunidades que vão levar a boas deliberações.
Diferentemente do conselho, que atua em grupo, o CEO, na maioria das vezes, está sozinho. Ele precisa pensar tanto na operação, no dia a dia da empresa, quanto em estratégias futuras. O peso, portanto, é enorme.
O conselheiro consultivo costuma trazer perspectivas para a gestão, ajudando CEO, fundadores e diretores a verem as coisas por outros olhos. Ele compartilha conhecimento e vivências que teve em trabalhos anteriores, alguns em setores de mercado diversos. Também pode ajudar a identificar tendências, propor produtos, novos modelos de negócio e estratégias comerciais ou de gestão.
Cultura de Inovação
Outro interessante papel do conselheiro é encorajar a cultura de inovação. Um ambiente de trabalho transformador permite que as pessoas compartilhem seus pensamentos livremente, em uma comunicação aberta e colaborativa, ideal para criar soluções.
Companhias onde o erro é supervalorizado e punido oferecem pouco ânimo para que seus colaboradores inovem. Um conselho com visão de futuro ajuda a estabelecer um ambiente em que a experimentação é aceita e erros não são punidos. Onde há medo de errar, a inovação não encontra espaço para florescer. A cultura da inovação só existe em uma organização aberta a mudanças, que valoriza a criatividade e o pensamento fora da caixa.
Implantar a cultura de inovação requer alguns passos. Conselheiros precisam ter cuidado para introduzir a nova cultura sem destruir a cultura vigente – que costuma ser um dos grandes alicerces de qualquer corporação.
Passo 1 – Revisitar Missão, Visão e Valores. Missão é a razão de existir da empresa, um propósito comprometido com a inovação. A visão é o ponto em que a empresa deseja chegar e também demanda permissão para inovar. Nos valores, ou seja, nos ideais de comportamento dos colaboradores, é interessante que inovação seja apontada como uma ferramenta fundamental para se chegar aos resultados pretendidos.
Passo 2 – Incutir na liderança a necessidade de implantar políticas de sustentabilidade social e ambiental e de governança. Temas como diversidade, inclusão, ética, responsabilidade corporativa, economia circular vão renovar as ideias, abrindo a mente não apenas dos líderes, mas de toda a cadeia produtiva. Um ambiente inovador tem como benefício extra atrair talentos com experiências e conhecimentos que podem gerar ainda mais inovação.
Passo 3 – Criar estímulos para atrair e reter profissionais arrojados. Esse tipo de profissional dá preferência a trabalhar em locais que alocam recursos para pesquisa e desenvolvimento, impulsionam e financiam projetos e respondem de forma proativa a mudanças.
Gillian Borges é Conselheira TrendsInnovation certificada pela Inova Business School, Vice-Presidente da Conselheiros TrendsInnovation, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie, Publisher pela Stanford University, graduada em Comunicação Social e consultora de negócios com foco em Inovação, Tendências, Futuro, Comunicação Estratégica e Marketing. Faz mapeamento de tendências e foresight para empresas internacionais, apresentando oportunidades de negócios no mercado brasileiro de bens de consumo e HPPC.