Muitas decisões podem ser comprometidas pela falta de conhecimento em tecnologia
Por Fabio Palma
Muitos executivos fazem tomadas de decisões “aleatórias” todos os dias. Se não há negócios sem dados, não há crescimento sustentável sem tecnologia, e essa espécie de “letramento digital” ainda segue em falta para muitos tomadores de decisão em todo tipo de segmento.
Me debruço muito no assunto, afinal minha posição em conselhos sempre foi com o olhar de tendência e inovação, além de criação de spinoffs. Essa não é uma impressão baseada em feeling ou achismo, não!
Esses dias me deparei com uma pesquisa publicada pela MIT Sloan Management Review Brasil que mostra que boards e líderes C-level não têm inteligência digital suficiente que possibilitem tomada de decisões estratégicas. Os dados chegam a chocar: “Somando os membros do C-level das 1.984 empresas estudadas no mundo, descobrimos que só 17% são digitalmente hábeis. Menos de 1 em cada 2 CEOs e cerca de 1 em cada 8 CFOs têm inteligência digital.”
O fato se agrava quando empresas têm CTOs e CIOs que não estão preparados ou não têm voz. Ou pior: a empresa nem mesmo tem esses profissionais em suas equipes. Muitas tech-companies são ricas em visão comercial, mas míopes em tecnologia. Tech-wash total!
Essa falta de entendimento (e, quem sabe, até de interesse) de líderes sobre digital, tecnologia e dados afeta diretamente o desempenho e as estratégias das empresas que precisam prosperar em um momento em que a humanidade está hiperconectada. Um exemplo é a dificuldade de se adaptar a novas tecnologias ou processos de trabalho, o que pode levar à perda de competitividade no mercado.
O ponto fica mais evidente quando ferramentas de inteligência artificial passam a fazer parte da discussão cotidiana corporativa. O debate fica raso quando não há o real entendimento das possibilidades.
Em linha com essa preocupação, a consultoria McKinsey & Company publicou recentemente as 5 prioridades que os boards precisam ter para tomar decisões adequadas em um cenário que muda constantemente. São elas:
- Navegar em condições econômicas excepcionalmente desafiadoras
- Repensar a estratégia de capital
- Permitir a inovação e a transformação tecnológica
- Defender uma agenda de talentos focada no futuro
- Supervisionar a segurança cibernética e a privacidade dos dados
Veja só o quanto o letramento digital e o conhecimento sobre tecnologias e, consequentemente, inovação são determinantes para termos empresas mais saudáveis, cientes de seu impacto e preparadas para enfrentar as mudanças constantes na sociedade.
Aí, eu te pergunto: como está seu letramento digital? Você sabe como as tecnologias podem ajudar na sua área de atuação?
Fábio Palma é CTO da Agência África, atuando na área de tecnologia, inovação e dados no mercado de publicidade há mais de 15 anos. Foi fundador e CEO da BIZSYS, uma das principais empresas de inovação e tech focada em publicidade, com atuação global. Em seu portfólio acumula 40 Cannes Lions, entre GPs e muitos outros prêmios. É engenheiro eletrônico, com especialização em computação formado pela Escola de Engenharia Mauá. Possui ampla experiência em desenvolvimento de soluções de hardware e software, bigdata e interatividade. Liderou ambientes multidisciplinares disruptivos, debruçando também seus estudos em liderança em tempos de mudanças, pelo MIT. Investidor em startups de tecnologia, ele ajudou no crescimento de operações em diversos setores, acumulando experiências de design thinking. Foi partner do Distrito, maior Hub de Inovação da América Latina, que inclui em seu ecossistema startups, desenvolvedores de tecnologia, consultores, instituições e associações. É também sócio da SPORTHECA, campus que abriga um enorme ecossistema e plataforma de transformação da indústria de esportes pela inovação e tecnologia.