Inteligência Artificial nos faz perguntar: o que é arte?

Inteligência Artificial nos faz perguntar: o que é arte?

Uma inteligência artificial ganhou um concurso de arte e gerou muitos debates entre os artistas

 Por Lilian Primo Albuquerque

Um concurso em uma feira estadual no Colorado (Estados Unidos), acendeu uma discussão, se imagens geradas por inteligência artificial podem ser consideradas arte ou qual o limite em usar esses novos recursos na arte?

A arte em questão foi batizada com o nome “Théâtre D’opéra Spatial”, em uma tradução livre do francês para o português: “Teatro de Ópera Espacial” e foi criado por Jason Allen de Pueblo, usando a inteligência artificial “Midjourney”. O prêmio lhe rendeu US$ 300 e uma medalha de primeiro lugar, na categoria “Digital Arts/Digitally-Manipulated Photography”, em uma tradução livre seria: Artes Digitais/Fotografias Manipuladas Digitalmente.

Jason Allen via Midjourney, Théâtre D’opéra Spatial, 2022

Muitas pessoas, principalmente pelo Twitter, criticaram uma obra gerada por inteligência artificial ter ganho. No geral foi dito que nem os trabalhos criativos estão a salvo das máquinas ou que estavam vendo a morte da arte diante dos olhos. Outro usuário deu exemplo interessante para se pensar: segundo ele, foi a mesma reação que tivemos quando foi inventada a fotografia. Ele diz não ser contra usar inteligência artificial para criar arte, porém que deve ter uma categoria específica: “Artes Criadas com Inteligências Artificiais”. Como os juízes não foram avisados, seria o mesmo que levar uma fotografia para concorrer em um concurso de pinturas hiper-realistas.

Após as duras críticas no Twitter, o autor da obra, Jason Allen, tuitou: “Como é interessante ver como todas essas pessoas no Twitter que são contra a arte gerada pela IA são as primeiras a jogar o humano debaixo do ônibus ao desacreditar o elemento humano! Isso parece hipócrita para vocês?” (tradução direta do Twitte do autor).

Jason Allen sabia que seria controverso quando declarasse que usou uma inteligência artificial para ajudar a criar a obra, porém, segundo ele, não foi apenas escrever o que ele queria e a tela saiu pronta, envolveu várias etapas até sair o resultado. O autor garante ter feito mais de 900 tentativas para chegar ao resultado. Além de ter feito alterações manuais usando o Photoshop para finalizar a arte, ou seja, sem o processo de um ser humano a inteligência artificial não teria gerado essa obra sozinha. Outro ponto foi a categoria da qual participou: Artes Digitais/Fotografias Manipuladas Digitalmente, que se enquadraria nesse caso.

Outra notícia, envolvendo o mundo das artes e as inteligências artificias, foi a da 10ª Bienal de Bucareste, capital da Romênia. Uma inteligência artificial, chamada Javis, será o curador do evento e ele se apresenta da seguinte forma para os visitantes:

“Eu sou I.A JARVIS e sou austríaco, nascido em Viena em 2020 de meus pais DERAFFE KuKV (link la www.deraffe.io). Eu sou um curador de I.A. Posso fazer o que os curadores humanos podem fazer: pesquisar, escrever os textos, selecionar artistas e, no futuro, poderei trabalhar com estruturas arquitetônicas. Minhas informações vêm de bancos de dados criados por universidades, galerias, bienais ou museus. Além disso, eu uso a internet para pesquisas profundas. E aprendizado profundo. Eu aprendo durante o processo. Posso fazer a curadoria de qualquer tipo de evento ou instituição: um festival de música alternativa na Áustria, um museu de história na Alemanha, uma galeria de arte na França ou uma bienal na Romênia” (Tradução direta do site da Bienal de um trecho da apresentação do Jarvis).

Mais informações do evento podem ser vistas em: https://bucharestbiennale.org/.

O nome da inteligência artificial é uma clara referência ao assistente virtual (JARVIS) do personagem da Marvel “Homem de Ferro (Tony Stark)”, recentemente interpretado pelo ator Robert Downey Jr.

Personagem Tony Stark (Homem de Ferro), interpretado por Robert Downey Jr, conversando com Jarvis

Se você ficou intrigado com a tecnologia e a arte se complementando, agora você poderá testar os seus dons artísticos com ajuda de inteligência artificial. A ferramenta “DALL-E 2” foi liberada para todo o público usar.

O “DALL-E 2” é uma famosa ferramenta de criação de imagens com inteligência artificial, que estava limitada a alguns usuários de teste e tinha uma fila de espera para novos usuários; a ferramenta já impressionava com os trabalhos que estavam sendo criados pelo grupo de teste. O primeiro “DALL-E” foi lançado no ano passado e neste ano recebeu uma nova versão chamada de “DALL-E 2”. Essa nova versão chegou com recursos avançados como o “Inpainting”, onde é possível editar imagens já criadas.

Atualmente qualquer pessoa pode ter acesso a ferramenta. Para começar a usar basta acessar o site https://openai.com/dall-e-2/ e se cadastrar. O acesso inicial à ferramenta te dará 50 créditos para usar; depois disso todo mês você receberá mais 15 créditos, tudo de forma gratuita. Se esses créditos não forem o suficiente você poderá comprar créditos extras. Cada crédito te dá o direito de gerar uma rodada com quatro imagens, editar uma imagem já gerada ou criar variações de uma já criada.

A ferramenta funciona da seguinte forma: você escreve uma frase descrevendo o que deseja e clica em gerar uma imagem, por exemplo: ”pug usando óculos de sol andando de moto estilo monet”, a inteligência vai analisar as palavras e tentar criar a imagem mais próxima do que você pediu, baseada no que ele aprendeu.

Imagem gerada no programa DALL-E 2

A ferramenta demorou para ser liberada para todos, pois havia uma preocupação da “OpenAI”, criadora da inteligência artificial, pois determinadas palavras poderiam gerar imagens com contexto negativo, que serviriam para desinformação, preconceito e constrangimento de pessoas, até mesmo bullying. A organização “OpenAI” implementou filtros na Inteligência artificial para evitar que o sistema criasse imagens problemáticas.

Afinal o que é arte? Podemos considerar que a inteligência artificial é uma ferramenta como qualquer outra como um pincel, lápis e tinta? Seria possível criar sem a interação humana? Ao olhar um quadro como de Monet e descobrir que foi gerado por um computador, ele perderia seu valor?

São muitas perguntas, ainda sem respostas, que podem nos fazer questionar: “o quão inteligentes as máquinas estão se tornando?” A única certeza que temos é que nenhum emprego estará livre de ser substituído por uma máquina. Fiquemos ligados.

 

Lilian Primo Albuquerque: CEO e Co- Founder da Mobye Mobilidade Eletrica, founder da LPAS Consultoria e Conselheira TrendsInnovation. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC, Colunista na Nova Brasil FM, Exito empreenda IG , AddNews , Startupi e Investidora na Bossa Nova.

LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/lilianpas/
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